A ausência debate sobre a mudança do Carnaval recebeu críticas do deputado Hilton Coelho (PSOL). Para o parlamentar, “o Carnaval de Salvador precisa ser repensado para voltar a ser a maior festa de participação popular do Brasil. Os caminhos que o Conselho do Carnaval (Concar) e a Prefeitura de Salvador trilham mantêm a festa cada vez mais elitizada. É um capitalismo sem risco. Os gastos são públicos e os lucros privados. Defendemos a democratização da festa e ampla consulta popular. O Parque Metropolitano de Pituaçu é uma importante reserva ecológica, abriga remanescentes de Mata Atlântica, animais e contém uma série de espaços de lazer e turismo. A população exige ser ouvida”.
Sobre o projeto sobre mudança do Carnaval da Barra para o trecho da Avenida Octávio Mangabeira, entre os bairros de Pituaçu e Patamares, na orla, o parlamentar acrescenta que “não estão sendo levados em consideração os aspectos históricos, ambientais e sociais envolvidos na questão. O Parque de Pituaçu precisa ser preservado e não atacado como será com a mudança do Carnaval. Animais, em especial as aves, sofrerão com o barulho e luz intensa nas noites da festa. A sociedade precisa se mobilizar para assegurar a preservação dessa importante reserva ecológica em Salvador, que possui rica biodiversidade, mas sofre sempre ameaças vindas da mesma fonte: ganância, exclusão e desenvolvimento urbano desordenado”.
Ele destaca também que “uma importante instituição cultural com grandes serviços prestados a Salvador, o Circo Picolino, também está ameaçado. Há 37 anos em Salvador, o Picolino representa muito mais que um espaço cultural e de apresentações artísticas. É um espaço de educação. As aulas de tecidos, acrobacias e outras tantas dão para interessados a oportunidade de aprender e executar apresentações desse mundo mágico que é o espaço circense. Tudo isso não pode ser esquecido ou deixado de lado”.
O legislador reafirma que “a população e todos os setores atingidos precisam ser ouvidos. O debate não pode ficar restrito a medalhões, artistas famosos e donos de blocos. A população e diversos setores precisam ser respeitados e ouvidos. Os ambientalistas, ambulantes, moradores dos locais e demais. A juventude, esportistas em geral, que praticam bicicross na pista Tertuliano Torres, em Pituaçu, precisam ser consultados sobre uma possível instalação do novo circuito do carnaval e saber qual será o destino da área”.
“Classificamos como vergonhosa as concessões e privilégios aos grandes empresários e negócios. Propomos a realização de ampla discussão com a sociedade para repensar a festa que deve passar pela construção de alternativas de cidade. Somos pela defesa do meio ambiente, dos direitos da população e pela diversidade em prol da igualdade entre as manifestações culturais, a responsabilidade social. Uma mudança assim não pode ser feita sem ampla consulta popular. A Frente Parlamentar Ambientalista da Bahia da Assembleia Legislativa da Bahia, a Câmara Municipal de Salvador, entidades representativas em geral precisam ser ouvidas. Basta de elitização”, conclui Hilton Coelho.