Por Equipe da Resistência
Contribuir
para transformar a Universidade num local seguro e acolhedor para
mulheres cisgênero, transexuais e travestis, homens transexuais,
pessoas transmasculinas, trans não binárias e intersexo, em toda a
Bahia, é o que pretende o nosso Mandato da Resistência, com o
Projeto de Lei 24.856/2023, apresentado na Assembleia Legislativa da
Bahia.
A implementação de políticas de combate à violência que vitimiza esses segmentos e a criação de órgãos especializados, receptores de denúncias e que acolham as vítimas, como Ouvidorias e Grupos Interdisciplinares, são algumas das medidas exigidas no PL.
A
violência contra pessoas dissidentes sexuais e de gênero cresceu
muito nos últimos cinco anos. Em 2020, de acordo com dossiê da
Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) e
do Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE), o Brasil liderou
o ranking dos assassinatos de pessoas trans no mundo, com números
que se mantiveram acima da média.
As
estatísticas sobre violências que precedem o assassinato de pessoas
dissidentes da cis-hétero-normatividade são refletidas no ambiente
universitário. Isso chega a se tornar mecanismo de impedimento da
permanência dessas pessoas nas universidades, provocando a evasão
de um público que já acessa de forma restrita o ensino superior.
Segundo levantamento do Projeto Arco-Íris, iniciativa da ONG
AfroReggae, apenas 0,02% da população trans no Brasil, por exemplo,
cursam o ensino superior.
No
entanto, a maioria das universidades não têm protocolos para
acolhimento das vítimas de LGBTfobia. Além disso, os processos
disciplinares e as sindicâncias da academia muitas vezes geram
revitimização, expondo as vítimas a mais violências.
Reprodução
da violência
- O estudo “A Vivência de Estudantes Transgênero na Universidade”
(2022), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), aponta que,
apesar da democratização do acesso ao ensino superior no Brasil na
última década, especialmente no ensino público, ainda persistem
diversas barreiras relacionadas à aceitação da diversidade de
gênero no ambiente universitário, que se revela um lugar
“transfóbico, catalisador de insegurança e sentimento de não
pertencimento”.
O
uso do banheiro está entre as situações mais geradoras de
estresse, insegurança e medo. Isso porque a organização do espaço
físico universitário, segundo o estudo, é prevalecentemente
baseada no binarismo.
Casos
de assédio e mesmo estupro têm sido denunciados por todo Brasil,
tanto dentro das salas de aula quanto em espaços de sociabilidade
universitários. Os casos de violência são ainda mais graves e
invisibilizados quando se tratam de pessoas trans e pessoas
subversivas de gênero negras ou indígenas, LBTIN (lésbicas,
bissexuais, transexuais, travestis, intersexo e não binárias) ou em
situação de maior vulnerabilidade socioeconômica.
A
Universidade é um lugar que deveria ser essencialmente democrático.
Se uma parcela da população está de fora e não consegue acessar
esse direito, então precisamos pensar em políticas específicas e
ações concretas de inclusão para essas populações.
Por isso que é urgente a criação de ferramentas de prevenção e combate à violência contra essa população dentro das universidades. Esse é o objetivo de nosso Projeto de Lei.
Imagem: Mídia Ninja