Por Mandato da Resistência
Nossa capital da resistência, Salvador, no dia 29 de março completou 475 anos, infelizmente ainda marcada pelos piores índices de pobreza, desnutrição, violência e desemprego.
É o que mostra diversos indicadores. Alguns deles foram divulgados no mês de março no Mapa das Desigualdades entre as Capitais, do Instituto Cidades Sustentáveis.
O que a máquina de propaganda carlista dissemina - a ideia de “capital da alegria”, de “melhor gestão municipal” - não bate com os números. E os números mostram que Salvador se destaca com o pior índice de desnutrição infantil: 4% de crianças menores de 5 anos se encontram em situação de desnutrição. Isso é um massacre contra a infância! É desumano!
Nossa capital também tem dez vezes mais pessoas abaixo da linha da pobreza em relação a Florianópolis, que apresenta a menor taxa. Ou seja: mais de 11% da população soteropolitana, que equivale a quase 323 mil pessoas, estão vivendo em situação de miserabilidade, com menos de 10 reais por dia para comer e se locomover.
Mais uma vez, nossa cidade também é a capital do desemprego. Continuamos com as piores taxas de desocupação.
Com base em dados do IBGE, de 2023, 16,7% da população acima de 14 anos (idade inicial da empregabilidade de jovens) estão em condição de desemprego, contra 3,4% em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, segunda colocada nesse quesito.
Para completar, os índices de violência também colocam Salvador nas últimas posições.
Em 2021, Salvador foi a capital com a segunda maior taxa de homicídios, atrás apenas de Macapá; e também foi a primeira em homicídios de jovens, de 15 a 29 anos.
Esse dado mostra, de forma cabal, o genocídio da juventude negra em curso na nossa capital.
Tragédia - O que estamos assistindo é a uma tragédia, infelizmente, com muitos precedentes, porque estamos impregnados com essa herança colonial que tenta empurrar Salvador, a todo tempo, para a decadência política e para a especulação imobiliária que vem devorando cada milímetro da nossa cidade.
As serpentes estão saindo dos ovos que o coronelismo carlista deixou, enquanto os que prometiam mudanças se instalam, já corrompidos, nas cadeiras do estado.
Vejam um exemplo disso: por um lado, temos o neocarlismo vendendo áreas verdes da cidade - projeto de colonização da cidade desde o velho ACM -, por outro, um governo que se enverniza de esquerda, mas faz conluio com as bandas podres das elites baianas.
É só ler as últimas notícias em relação ao esquema da venda de áreas verdes, principalmente ao dono da rede de supermercados Hiperideal, João Gualberto - ex-prefeito de Mata de São João pelo PSDB -, o maior comprador de áreas verdes e terrenos leiloados pela prefeitura em salvador durante as gestões de ACM Neto e Bruno Reis, dois dos seus principais aliados políticos, como já foi publicado pela imprensa baiana. Estamos falando de um empreśario que arrematou nove de 39 imóveis desafetados!
A mesma lógica na Bahia - Essa sanha de destruição por poder não se resume em salvador.
No âmbito do Estado, a lógica da política que rifa o meio ambiente e os territórios, passando por cima dos direitos das populações que neles vivem, também vem sendo tocada a todo vapor.
Como bem adverte o amigo e companheiro do Psol, Marciel Viana, que é geógrafo e escreveu recentemente um artigo para o blog do nosso mandato, a política ambiental do governo da Bahia está contribuindo consideravelmente para a devastação da vida no nosso planeta! É isso mesmo!
É só olhar para o tanto de licença ambiental criminosa que o governo da Bahia deu nesses últimos 20 anos!
O desmatamento do cerrado no oeste da Bahia simplesmente está pondo em risco a segurança hídrica de regiões que já vivenciam a redução das chuvas, sobretudo dos municípios que margeiam o rio São Francisco.
E por conta de políticas irresponsáveis, a exemplo de autorizações de supressão vegetal, da liberação de outorgas para grandes áreas de irrigação, das licenças para desmatamento e construção de pequenas centrais hidrelétricas nos principais afluentes do rio são francisco, entre outras práticas de uma gestão que ataca o meio ambiente e as suas populações em troca de conchavos políticos, a Bahia já possui cinco municípios com o clima árido! Esse é o estágio de transição entre o clima semiárido e o deserto!
Precisamos compreender que o desmatamento do cerrado baiano se soma aos grandes motivos dos fenômenos extremos em relação ao clima do nosso planeta.
Diante do devastador cenário de mudanças climáticas em curso, em Salvador e em todo Estado da Bahia, a ALBA não pode postergar mais este debate e precisa pautar com celeridade as principais políticas ambientais na capital e na Bahia.
É por tudo isso que as CPI das licenças ambientais e da grilagem de terras públicas propostas pelo nosso mandato são inadiáveis. Lute conosco pela vida, pelo futuro de nossa capital e de nosso Estado.