Serra da Chapadinha pede socorro! Segurança hídrica da Bahia está sob ameaça
Por Hilton Coelho e Equipe da Resistência

Por Hilton Coelho e Equipe da Resistência



A segurança hídrica do estado da Bahia, para esta e as futuras gerações, está ameaçada. Pois a Serra da Chapadinha, localizada na Chapada Diamantina, está sendo atacada por intervenções que podem ter impactos irreversíveis.

Poucos conhecem esse local, mas ele é de importância elementar para a Bahia, pois é onde é gerada a água da sub-bacia do Rio Una, atualmente um dos principais afluentes do Rio Paraguaçu.

Nem precisamos mencionar a importância da Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu para o Estado da Bahia.

O Rio Paraguaçu nasce na Chapada Diamantina, abastecendo mais de 80 municípios.

A maior parte destes municípios estão no semiárido baiano, mas também mais de 60% da Região Metropolitana de Salvador - a região com maior população e desenvolvimento econômico do Estado - depende do abastecimento do Rio Paraguaçu.

Acontece que toda essa água não nasce em barragens, não nasce em obras de engenharia cinza.

Toda água de que estamos falando é gerada nas zonas de recarga hídrica na Chapada Diamantina, que ainda possuem condição natural preservada para abastecer os corpos hídricos superficiais e os aquíferos subterrâneos.

Ocorre que a Serra da Chapadinha, como falei, vem sofrendo diversos ataques que podem acabar com a condição natural tão especial que a qualifica como zona de recarga hídrica, da qual precisamos tanto, e que, inclusive, abriga uma biodiversidade única, mas que já apresenta diversos mamíferos, que nos prestam vários serviços ecossistêmicos, ameaçados de extinção.

Como se não bastassem as grilagens de terras, gentrificação rural, desmatamento, loteamentos clandestinos, aterramento dos brejos de altitude, pasmem: há uma grande ameaça que é a instalação de uma mineradora de comodities de ferro, chamada Novo Rumo, em uma área de 6 mil hectares.

Se isso acontecer, o Rio Una vai ficar completamente comprometido, e vai deixar de contribuir para o abastecimento da bacia do Rio Paraguaçu.

Isso vai impactar diretamente a vida das comunidades tradicionais, que atuam como agricultores familiares e no turismo de base comunitária.

Ou seja, um local que hoje produz alimentos vai virar um local de fome e miséria.

A segurança hídrica da região metropolitana de Salvador também será diretamente impactada, com uma redução de mais de 40% da oferta hídrica oriunda da barragem da Pedra do Cavalo.

Por isso, é urgente a intervenção do Estado, com todas as suas instituições responsáveis direta e indiretamente por garantir a preservação e conservação desses santuários ambientais, os quais garantem a manutenção da vida na Bahia.

Acho que com tanta pressão social sobre o Inema, principalmente em relação ao caso de Boipeba que nosso mandato vem denunciando, o órgão chegou a interditar temporariamente uma pesquisa mineral executada pela empresa. Mas essa atuação do Inema ainda é insuficiente. A interdição foi feita em apenas 1/4 da região.

Está rodando nas redes sociais uma petição pública que leva o título de apelo: "Salve a Serra da Chapadinha, a Caixa D'Água da Bahia". Acessem essa petição e ajude a fortalecer essa luta!

A nossa segurança hídrica está em jogo! É preciso que a Assembleia Legislativa da Bahia se posicione sobre isso!

A mineração já mostrou demasiadamente os rastros de destruição que deixa nos territórios onde se instala. É um empreendimento que coloca em risco o meio ambiente, a biodiversidade, os povos e comunidades tradicionais que fazem uso ancestral dos territórios tão cobiçados por esse tipo de exploração de grande impacto.

Falamos sobre isso no lançamento da Frente Mista Ambientalista e em defesa dos Povos e Comunidades Tradicionais no final de abril e precisamos agora amplificar esse alerta. Ajude a reverberar esse assunto e fortaleça essa luta pela vida!